Viver em uma grande cidade como NYC exige adaptações e concessões.
Mas isso não deve ser visto como algo ruim. Ao contrário, soluções perigosas
para algumas cidades, como São Paulo, podem ser viáveis e desejáveis em outras.
E uma delas me chamou muito a atenção aqui em Nova Iorque.
A individualidade é um fator preponderante que compõe a cultura dos
Estados Unidos. A indústria automobilística tem em suas montadoras uma presença
inquestionável na economia norte-americana. O petróleo e seus derivados têm
poder tão grande sobre a política deste país que levam seus governos a guerras
que lhes garantam suprimento desse combustível. Juntando isso tudo chegamos à
brilhante solução amplamente consumida pelos nore-americanos: o carro.
Carros são tão viáveis e baratos nessa economia (especialmente se
comparados ao Brasil) que fica difícil não se render ao conforto de um desses
em sua garagem.
Porém aí surge um problema: quem tem garagem em Nova Iorque? Quase
ninguém. Casas ou prédios com garagem para carros, tão comum no Brasil, são
raras aqui. Carro dorme na rua, e tem que sair de lá bem cedo na manhã senão
ganha ticket (= multa). Seja no Brooklyn, seja em Manhattan.
Não há muito espaço para carro particulares nas ruas de NY. A bem da
verdade, nem há necessidade. O transporte público é vasto e eficiente: várias
linhas de metrô que rasgam a cidade inteira e que continuam em expansão; onibus
com hora certa para passar no ponto, silencioso e com ar condicionado (ufa...
afinal é verão aqui). E acima de tudo, taxi por todo lado (não que seja fácil
pegar um). Mas se tem carro, pode também deixar nos estacionamentos
estratégicos em Manhattan.
Mas ainda assim, surge no cenário urbano um companheiro muito
simpático, individual e que confere total liberdade aos habitantes da cidade: a
scooter.
As scooters podem ser vistas por todo lado em NY. De várias cores,
de vários modelos, antigas de idade, antigas de estilo, de várias marcas, elas
podem ser flagradas do Harlem ao SoHo, em Williamsburg, onde você estiver pode
observar ao seu lado pois deve haver uma parada esperando seu dono.
Comecei a percebê-las pois são objetos bonitos. E de fato combinam
muito com Nova Iorque. Elas são charmosas, sofisticadas ainda que com aparência
vintage, representam as já mencionadas “independência” e “individualidade” tão
características dos novaiorquinos, são práticas, próprias para deslocamento
curto em uma malha urbana intensa em terreno predominantemente plano. Ou seja,
de mãos dadas com as bicicletas, outro charme à parte da cidade, as scooters representam
mais que meio de transporte, um padrão de comportamento de consumo da cidade,
da vida.